SUBMISSÕES PRORROGADAS! Chamada para o dossiê: A cena na política e a política na cena: miradas sobre a teatralidade da extrema direita contemporânea

2024-08-28

Coeditoras:

Christina Fornaciari (UFV), Júlia Guimarães (UNB), Júlia Morena Costa (UFBA)

Juliana Coelho (USP), Raquel Castro (UFOP), Thálita Motta,

Integrantes do eixo Performatividades e Política, do grupo de pesquisa CRIA - Artes e Transdisciplinaridade (EBA/UFMG-CNPQ).

 

Submissão de artigos entre 02 de setembro e 15 de dezembro de 2024

Previsão de publicação: 2º trimestre de 2025

 

A extrema direita hoje atuante no Brasil e em vários outros territórios mundiais é um campo político heterogêneo, de difícil definição e de composição mutável, no qual o conservadorismo moral e radicalização do neoliberalismo convergem. A partir de eventos locais, a extrema direita vem ganhando importância nas disputas dos votos e na proposição de pautas públicas de ataque aos direitos humanos, na acentuação do neoliberalismo, na defesa de práticas conservadoras no campo da moralidade e na incitação à xenofobia, por exemplo.

 

Este campo, que atualmente tem no Brasil o bolsonarismo como um de seus grandes expoentes, não se limita a ele e, mesmo após a derrota nas eleições presidenciais, continua demonstrando força nas redes sociais, em governos estaduais e municipais e nas casas legislativas. Com uma diversidade de representantes, que agem em diferentes esferas, a extrema direita no Brasil continua atuante, com grande incidência midiática e com ações muitas vezes articuladas internacionalmente. Fenômeno semelhante ocorre em outros países,  como  a Argentina, o Chile, Portugal, Itália, Espanha, entre outros. As ações espetaculares destes representantes são o ponto de partida para lidar com as reflexões que apontam para diferentes aspectos relacionados às performances políticas da extrema direita.

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Fonte: (Valter Campanato / Agência Brasil / Divulgação).

Nos últimos anos, entram em cena análises que observam a relação entre estratégias performativas, efeitos e sentidos produzidos, e a instalação desta extrema direita no Brasil e nos demais países elencados. Constituindo um trabalho em constante elaboração, essas pesquisas vêm tentando abarcar, cada uma a partir de um ângulo próprio, uma variedade de aspectos das performatividades radicais desse campo político. No Brasil, o recorte temporal geralmente estabelecido tem como marco inicial as  jornadas de junho de 2013, se detendo em processos como as campanhas pelo impeachment de Dilma Rousseff, a intensificação do bolsonarismo antes, durante e após as eleições de 2018 e, finalmente, os chamados atos do 8 de janeiro.

 

Para fazer jus a essa diversidade de abordagens e à complexidade do tema, propomos alguns eixos analíticos imbricados e iterativos passíveis de investigação e debate, tais como a presença da violência, a fabricação da precariedade como elemento de emulação de uma suposta autenticidade, a correlação entre a performance na estética e na política, assim como reflexões sobre comportamentos restaurados e a estética do limite ultrapassado.

 

A estes eixos também perpassam considerações acerca da economia das atenções, tão presente nas atuais formas de propagação das pautas políticas e das performatividades. Estas articulam várias plataformas a partir de uma organização supostamente descentrada, deslizando entre as lógicas das redes sociais, a imbricação com diferentes mídias e a atuação nas ruas em protestos e outros atos performativos.

 

Além disso, interessam a este dossiê estudos sobre espetáculos teatrais e performances artísticas que se debruçam sobre o tema da extrema direita e/ou suas estratégias de atuação. Desse modo, uma pergunta funciona como cerne desta investigação/ proposta: de que modo o teatro, pensado como forma social de conhecimento, pode nos ajudar a compreender a política contemporânea?

 

Este questionamento serve de pilar para esta Chamada, cujo objetivo é investigar e analisar episódios e performances da política recente, no Brasil e nos demais territórios que experimentam o crescimento da extrema direita, propondo reflexões acerca dos atos políticos extremos dos últimos anos, a partir de teorias e de práticas oriundas do teatro e dos estudos da performance. Esperamos receber contribuições distintas, oriundas de pesquisas científicas, teóricas ou empíricas, visando ampliar o diálogo nesse âmbito.

 

Lembramos ainda que a Revista Ephemera recebe artigos de temáticas variadas ligadas ao escopo central da revista, para publicação no mesmo número dos dossiês. Os artigos devem ser inéditos e/ou resultantes de revisões bibliográficas, relatos de investigações e experimentações, pesquisas acadêmicas e reflexões criativas sobre processos contemporâneos de criação e sobre marcos históricos importantes nas artes cênicas, aceitando contribuições de autore/as nacionais e estrangeiro/as. Além disso, a Seção Acontece também aceita contribuições em formatos variados: entrevistas, resenhas sobre livros e crítica de espetáculos, festivais, ensaios fotográficos e outras experiências visuais, etc. Pesquisadore/as, de todas as nacionalidades podem enviar seus textos para avaliação a qualquer momento, não sendo necessário aguardar a chamada para a submissão de artigo.