Éticas da criação em contextos de precariedade social

um estudo com três coletivos artísticos brasileiros

Resumen

Este artigo explora a ideia de que as precariedades e as limitações de direitos sociais não minimizam as escolhas éticas de coletivos artísticos brasileiros. Para tanto, investigam-se três coletivos artísticos com sede no Brasil: Contadores de Mentira; Trupi di Trapu; e Rede Espiralar Encruza. Exemplifica-se o argumento central no trabalho dos coletivos, analisando entrevistas com seus e suas participantes. Apresenta-se o conceito de éticas da criação a partir de três marcadores: ética comunitária; a escolha como ato político; e a ética da reciprocidade. Tomam-se as noções de ética e ação em Agamben para mostrar como operam as éticas da criação nesses coletivos. Conclui- se que as posturas éticas contrariam a concepção segundo a qual as precariedades sociais podem minimizar o ideário ético dos grupos.

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Biografía del autor/a

Gilberto Icle, UFRGS

Gilberto Icle é graduado em teatro, mestre e doutor em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul-UFRGS. Professor titular no Departamento de Ensino e Currículo, da Faculdade de Educação na mesma Universidade. É professor permanente no Programa de Pós-graduação em Educação da UFRGS e no Programa de Pós-graduação em Artes Cênicas da Universidade de Brasília. É editor-chefe da Revista Brasileira de Estudos da Presença. Coordenador da Rede Internacional de Estudos da Presença. Bolsista de Produtividade 1-D do CNPq.

Rossana Della Costa, UFRGS

Rossana Della Costa é graduada em Licenciatura em Teatro, mestre e doutora em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS e doutora em em Lettres et Sciences Humaines pela Université Paris Nanterre. Professora adjunta no Departamento de Ensino e Currículo, da Faculdade de Educação na UFRGS. Editora associada da Revista Brasileira de Estudos da Presença. Membro da Rede Internacional de Estudos da Presença; participante do Projeto Pobreza e Performance; membro do GETEPE (UFRGS); LATA (UNB) e Poéticas Cênicas: Visuais e Performativas (UNESP). Coordena o Projeto de Extensão Universitária Mili Micro Nano Pico (PROEXT/UFRGS) e o Projeto de Pesquisa Formas animadas e educação: o corpo como espaço na formação docente.

Celina Nunes de Alcantara, UFRGS

Celina Alcântara é atriz, professora associada da Ufrgs e pesquisadora de Teatro. Possui Graduação em Artes Cênicas, Mestrado e Doutorado em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Como professora atua na Graduação em Teatro do Departamento de Arte Dramática e no Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas, ambos do Instituto de Artes, da UFRGS, trabalhando com as temáticas das práticas do trabalho do ator/atriz/performer e das práticas cênicas e relações étnico raciais e de gênero. É integrante do Núcleo de Estudos afro-brasileiros, africanos e indígenas (NEABI/UFRGS); é editora associada da Revista Brasileira de Estudos da Presença; coordena o grupo de pesquisa GINGA –Grupo interseccional de pesquisas em negritude, gênero e artes. A pesquisa atual é As práticas cênicas na intersecção com questões étnico-raciais e de gênero como potência de criação e pesquisa.  

Marcelo de Andrade Pereira, UFSM

Graduado em Filosofia, pela UNISINOS; mestre em filosofia, mestre e doutor em educação, pela UFRGS; professor associado do departamento de fundamentos da educação, da UFSM. Professor permanente do Programa de Pós-graduação em Educação - linha de pesquisa artes e educação, da UFSM. Coordena o Floema - núcleo de estudos em estética e educação. Editor-associado da Revista Brasileira de Estudos da Presença.

Citas

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Publicado
2025-03-20
Cómo citar
ICLE, G.; DELLA COSTA, R.; NUNES DE ALCANTARA, C.; DE ANDRADE PEREIRA, M. Éticas da criação em contextos de precariedade social: um estudo com três coletivos artísticos brasileiros. Ephemera: Revista do Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da Universidade Federal de Ouro Preto, v. 8, n. 14, 20 mar. 2025.