Submissões

O cadastro no sistema e posterior acesso, por meio de login e senha, são obrigatórios para a submissão de trabalhos, bem como para acompanhar o processo editorial em curso. Acesso em uma conta existente ou Registrar uma nova conta.

Condições para submissão

Como parte do processo de submissão, os autores são obrigados a verificar a conformidade da submissão em relação a todos os itens listados a seguir. As submissões que não estiverem de acordo com as normas serão devolvidas aos autores.
  • A contribuição é original e inédita, e não está sendo avaliada para publicação por outra revista; caso contrário, deve-se justificar em "Comentários ao editor".
  • O arquivo da submissão está em formato Microsoft Word, conforme template.
  • O texto segue os padrões de estilo e requisitos bibliográficos descritos em Diretrizes para Autores, na página Sobre a Revemop.
  • As orientações disponíveis em Assegurando a avaliação pelos pares cega foram seguidas.

Diretrizes para Autores

A REVEMOP publica, em sistema de fluxo contínuo (rolling pass), artigos inéditos em português, espanhol ou inglês que busquem discutir e oferecer respostas a fenômenos educacionais relacionados à Educação Matemática. Textos em inglês podem ser traduzidos para o português e publicados na mesma edição. Não são aceitos para publicação artigos que sejam relatos de experiência ou prática docente.

Somente serão aceitos para avaliação os trabalhos de pesquisadores que apresentem resultados de pesquisa em diferentes níveis. As submissões são contínuas, sem cobrança de taxa de processamento, e a publicação é gratuita. Os sistemas LOCKSS e CLOCKSS são utilizados para garantir o arquivamento seguro e permanente do conteúdo da REVEMOP.

A política editorial segue o modelo de comunicação científica da Ciência Aberta. Preprints depositados no servidor SciELO Preprints são aceitos; a aceitação de preprints de outros servidores estará sujeita à avaliação editorial. A versão final do artigo aprovado será publicada com o nome do comitê editorial responsável pelo processo de avaliação do manuscrito.
TIPOS DE TRABALHOS/DOCUMENTOS
Com base no documento da SCIELO, 2024

Artigo de Pesquisa:
Artigo que comunica uma pesquisa original. Entre outros tipos, destacamos:

Um Artigo de Pesquisa é um documento escrito que apresenta os resultados de uma pesquisa científica original de forma clara, sistemática e rigorosa. Os artigos científicos são um meio fundamental de comunicação na academia e na pesquisa, permitindo que os cientistas e pesquisadores compartilhem suas descobertas, métodos, análises e conclusões com a comunidade científica e o público interessado.

Artigo de pesquisa empírica: refere-se a um estudo original que coleta e analisa dados concretos a fim de responder a questões de pesquisa específicas relacionadas à Educação Matemática. Os dados são obtidos, geralmente, por meio de métodos observacionais, experimentais ou de pesquisa de campo. Esses artigos apresentam a metodologia de pesquisa utilizada, a coleta de dados, análises e discussões dos resultados para inferir contribuições significativas para a área da Educação Matemática.

Artigo de pesquisa histórica: aborda questões de Educação Matemática através de uma análise histórica, examinando eventos, desenvolvimentos e práticas passadas relacionadas à área. Esses artigos têm como objetivo contextualizar o presente à luz do passado. Eles oferecem uma perspectiva histórica que enriquece a compreensão da evolução do ensino e da aprendizagem da Matemática, destacando influências históricas sobre o campo.

Artigo de pesquisa documental: concentra-se na análise crítica de documentos, como registros escritos, legislação, políticas educacionais, currículos e materiais educacionais relacionados à Educação Matemática. Esses artigos investigam como os documentos influenciam ou refletem o campo da Educação Matemática, destacando a relevância e a interpretação desses registros.

Artigo de Revisão:
Artigo que sumariza criticamente o conhecimento científico sobre um determinado tema. Também conhecido como revisão de literatura. Envolve uma análise abrangente e crítica da literatura existente sobre um tópico específico da Educação Matemática. Ele sintetiza pesquisas anteriores e identifica tendências, lacunas ou desafios no campo. Esses artigos fornecem uma visão panorâmica da pesquisa existente, auxiliando na compreensão do estado atual do conhecimento e no direcionamento de futuras investigações na Educação Matemática.

Ensaio teórico:
Reflexão circunstanciada, com maior liberdade por parte do(a) autor(a) para defender determinada posição, que vise a aprofundar a discussão ou que apresente nova contribuição/abordagem a respeito de tema relevante. É uma contribuição que se concentra na formulação de novas teorias, conceitos, estruturas ou na revisão crítica de teorias existentes relacionadas à Educação Matemática. Esses artigos buscam avançar o conhecimento teórico da área, fornecendo insights e perspectivas inovadoras que podem orientar futuras pesquisas e práticas.
POLÍTICA DE SEÇÃO
ARTIGOS

Nesta seção são publicados manuscritos do tipo artigo de pesquisa, ensaio teórico e artigo de revisão, em português, inglês, espanhol, resultantes de pesquisas científicas que incidam na produção do conhecimento na área de Educação Matemática e, particularmente, sobre processos de ensino e de aprendizagem da Matemática, sobre diferentes elementos do desenvolvimento profissional docente e sobre aspectos epistemológicos, filosóficos, didáticos, metodológicos e conceituais da Matemática, e que não estejam simultaneamente submetidos a outro periódico ou órgão editorial. Este campo investiga e sistematiza situações relacionadas aos diferentes aspectos e dimensões da formação e do desenvolvimento profissional docente, cujo foco das pesquisas situa-se nos processos de formação inicial e continuada de professores que ensinam matemáticas em todos os níveis de ensino, em espaço formal e não-formal, engendrados nos diferentes contextos formativos.

SEÇÃO TEMÁTICA/ESPECIAL

A REVEMOP também promove a publicação de seções temáticas ou especiais em suas edições regulares, com o objetivo de aprofundar o conhecimento em áreas específicas de interesse para a comunidade científica.

Pesquisadores e acadêmicos da área de Educação Matemática são convidados a propor seções temáticas ou especiais para a REVEMOP. As propostas devem apresentar uma justificativa clara e relevante para a criação da seção, destacando a importância da temática proposta no contexto do ensino e da pesquisa em Educação Matemática.

A proposta de seção temática/especial deve conter uma breve descrição da temática, incluindo uma contextualização do campo de estudo e a relevância do tema para a comunidade científica. Além disso, é necessário indicar os possíveis editores convidados, que serão responsáveis pela organização e revisão dos artigos submetidos.

Os artigos submetidos serão avaliados por revisores especializados na área temática, garantindo a qualidade e a consistência acadêmica dos trabalhos publicados. Os autores devem seguir as orientações de formatação e estilo da REVEMOP, conforme descrito nas diretrizes para autores.

Os editores convidados serão responsáveis pela seleção e revisão dos artigos submetidos à seção temática/especial. Eles deverão conduzir o processo de revisão por pares de acordo com os padrões e critérios estabelecidos pela REVEMOP.

Os artigos selecionados para a seção temática/especial serão publicados em uma seção específica da revista, claramente identificada como tal. Os editores convidados poderão, se necessário, escrever uma introdução para a seção, contextualizando e apresentando os trabalhos publicados.

A REVEMOP reserva-se ao direito de estabelecer diretrizes adicionais para a submissão e publicação de seções temáticas/especiais, as quais serão divulgadas em chamadas públicas, diretrizes editoriais ou comunicados da revista.

A criação de seções temáticas/especiais visa enriquecer o debate científico e promover o avanço do conhecimento na área de Educação Matemática, reforçando o compromisso da REVEMOP em ser um veículo de divulgação e intercâmbio de pesquisas relevantes e inovadoras.
SOBRE A SUBMISSÃO DE ARTIGO ORIGINAL
(1) O artigo deve ter, no máximo, três autorias.
(2) Pelo menos um dos autores deve ter titulação de doutor e atuar como professor de programa de pós-graduação nas áreas de Educação e/ou Educação Matemática.
(3) É de responsabilidade dos autores as correções sintática, ortográfica e bibliográfica. Após aprovação do artigo, o autor precisará enviar uma declaração assinada por um profissional indicando que a revisão ortográfica foi realizada. O custo da revisão ficará a cargo dos autores. (Sugestão de revisores: Vera Bonilho - E-mail: verabonilha@yahoo.com.br ou verah.bonilha@gmail.com / Leda Farah - E-mail: leda.farah@terra.com.br ou farahledamaria@gmail.com / Andréa de Freitas Ianni - E-mail: andreaianni1@gmail.com) .
(4) Correções na escrita, criatividade da abordagem teórica e metodológica do texto, clareza e pertinência do estilo de redação são quesitos da avaliação pelos pareceristas.
(5) O conteúdo dos artigos assinados é de exclusiva responsabilidade dos autores e não expressam a opinião dos Editores e nem do Conselho Editorial.
(6) O artigo original deve ser submetido em VERSÃO CEGA (sem nenhuma identificação dos autores) por meio da Plataforma OJS.
(7) O envio de artigos para as edições regulares tem fluxo de recebimento e processamento contínuo. Para seções temáticas/especiais há chamadas específicas de artigos (call for papers).

(8) Observar as Políticas adotadas pela REVEMOP quanto ao uso de IA, Antiplágio, Direitos Autorais, Equidade e demais disponibilizadas na aba Políticas.
CADASTRO NO ORCID E LATTES (OBRIGATÓRIO)
A fim de atender aos padrões internacionais de editoração científica, a equipe editorial da REVEMOP estabeleceu a obrigatoriedade da inclusão do ORCID e Lattes ID durante o processo de submissão de qualquer texto à revista, conforme indicado no Template do artigo. Editores, membros dos Conselhos e Comitês Científicos, e avaliadores ad hoc também são obrigados a fornecer o número do ORCID em seus perfis. É possível criar rapidamente e gratuitamente o ORCID por meio do seguinte link: https://orcid.org/register.
NORMAS PARA ELABORAÇÃO DE ARTIGO
(1) Será enviado para análise apenas artigos elaborados no template disponível no link Template.
(2) O texto deve ser escrito entre 15 e 25 páginas (casos excepcionais serão avaliados pelos Editores se acompanhados de justificativa dos autores em solicitação específica de exceção).
(3) Deve-se seguir as normas da ABNT vigentes para a produção acadêmica.
(4) Os pareceres de avaliação são emitidos conforme diretrizes disponíveis neste link.
(5) Observar as Políticas adotadas pela REVEMOP quanto ao uso de IA, Antiplágio, Direitos Autorais, Equidade e demais disponibilizadas na aba Políticas.
(6) A formatação final do artigo será feita pelos Editores da REVEMOP.
DIRETRIZES DE REGISTRO DE CONFLITO DE INTERESSES
O conflito de interesses ocorre quando há divergências ou interesses conflitantes que possam comprometer a avaliação imparcial de um texto. Esses conflitos podem surgir de questões pessoais, políticas, acadêmicas, religiosas, financeiras, entre outras. Portanto, é responsabilidade das partes envolvidas registrar qualquer conflito de interesses, juntamente com sua justificativa, no respectivo campo do sistema da REVEMOP:

1) Autores: devem informar, durante a submissão do texto, se há algum conflito de interesses. Caso não haja, deve-se indicar no campo que não há conflito de interesses.
2) Editores: caso haja algum conflito de interesses, o editor responsável deverá repassar a edição do texto para outro editor, a fim de garantir a imparcialidade do processo, fornecendo uma justificativa para essa substituição.
3) Avaliadores: existem duas opções: assegurar que será capaz de fornecer uma análise imparcial e objetiva, explicando quaisquer conflitos de interesses relacionados ao trabalho e sua autoria; ou, caso identifique um conflito de interesses que impossibilite a imparcialidade, recusar-se a realizar a análise, fornecendo uma explicação para sua decisão.
PRINCÍPIOS DE TRANSPARÊNCIA ASSUMIDOS PELA REVEMOP
1) Correções e Erratas: A REVEMOP adota a prática de emitir erratas em casos em que correções são necessárias em artigos já publicados. Essas erratas serão prontamente disponibilizadas, garantindo a transparência e a correção de eventuais erros.
2) Franqueza e Prestação de Contas: A REVEMOP busca a franqueza na apresentação dos aspectos tanto positivos quanto negativos relacionados ao desempenho da revista. Isso assegura a prestação de contas aos leitores, autores, avaliadores e editores, proporcionando uma visão transparente das atividades e resultados da revista.
3) Ética e Transparência: A transparência é considerada um princípio ético fundamental na REVEMOP. A revista compromete-se a conduzir suas operações com integridade e transparência, seguindo as diretrizes éticas estabelecidas na área de Educação Matemática.
4) Fornecimento de Informações Relevantes: A REVEMOP se compromete a fornecer informações de interesse para leitores, autores, avaliadores e editores de forma clara e acessível. Isso é feito com respeito à política de privacidade, mantendo a confidencialidade dos dados pessoais.
5) Cumprimento de Políticas: A REVEMOP mantém um compromisso inabalável com o estrito cumprimento de suas políticas, incluindo diretrizes editoriais, políticas de revisão por pares, prazos de publicação e todas as normas estabelecidas para garantir a qualidade e integridade dos artigos publicados.
Através desses princípios de transparência, a REVEMOP busca estabelecer uma relação de confiança com seus leitores, autores, avaliadores e editores, promovendo a transparência e a qualidade em todas as etapas do processo de publicação.
ASSINATURAS
Com o objetivo de disponibilizar a Revista de forma online e ampliar a disseminação das pesquisas publicadas, a REVEMOP não adota assinaturas ou versões impressas. Todos os números da revista estão disponíveis gratuitamente em seu site, podendo ser acessados, arquivados e baixados pelos leitores. Essa abordagem visa facilitar o acesso e a compartilhamento dos conteúdos, promovendo a ampla disseminação do conhecimento científico na área de Educação Matemática.

Artigos

Nesta seção são publicados manuscritos do tipo artigo de pesquisa, ensaio teórico e artigo de revisão, em português, inglês, espanhol, resultantes de pesquisas científicas que incidam na produção do conhecimento na área de Educação Matemática e, particularmente, sobre processos de ensino e de aprendizagem da Matemática, sobre diferentes elementos do desenvolvimento profissional docente e sobre aspectos epistemológicos, filosóficos, didáticos, metodológicos e conceituais da Matemática., e que não estejam simultaneamente submetidos a outro periódico ou órgão editorial. Este campo investiga e sistematiza situações relacionadas aos diferentes aspectos e dimensões da formação e do desenvolvimento profissional docente, cujo foco das pesquisas situa-se nos processos de formação inicial e continuada de professores que ensinam matemáticas em todos os níveis de ensino, em espaço formal e não-formal, engendrados nos diferentes contextos formativos.

Matemática e Literatura: diferentes tempos, diferentes escritas e diferentes uso

Matemática e literatura se entrelaçam, pelo menos, desde Mênon, diálogo platônico em que o filósofo usa de maiêutica para fazer com que um escravo se lembre do conhecimento referente ao Teorema de Pitágoras. Não seria errado dizer, portanto, que desde a Grécia Antiga, em diferentes tempos, matemática e literatura se encontram, às vezes fortuitamente, às vezes com maior intensidade, em diferentes escritas: na estrutura poética em decassílabos e tercetos d’A divina comédia de Dante Alighieri e em peças de teatro, como Sabedoria, da monja Rosvita de Gandersheim; nas narrativas que representam problemas matemáticos, como as de O homem que calculava, de Malba Tahan e as de Uma história embrulhada, de Lewis Carroll; na organização da própria estrutura narrativa, como em O castelo dos destinos cruzados, de Italo Calvino e em A vida modo de usar, de George Perec, dentre outros exemplos. Isso abre um campo rico de pesquisa, ainda pouco investigado, sobre os diferentes usos deste material, pois a literatura pode ser, para a Educação Matemática: fonte de pesquisa historiográfica, como Aritmética da Emília, de Monteiro Lobato; livro paradidático, como Geometria na Amazônia, de Ernesto Rosa; inspiradora para a elaboração de sequências didáticas, como feito por Weissheimer (2020) a partir da obra As aventuras do avião vermelho, de Érico Veríssimo; estrutura para a escrita científica, como Chá com Lewis Carroll (MONTOITO, 2011) etc.

Todas estas possibilidades têm, como base, a imbricação entre a linguagem matemática e a língua materna. Ao considerar a relação entre a linguagem matemática e a língua materna, Azerêdo e Rêgo (2016) chamam a atenção para uma aparente dicotomia ou paradoxo:

A matemática possui uma linguagem específica, cujos termos nem sempre guardam relação direta com seu significado da língua materna. Por exemplo: a palavra dividir, em Matemática, carrega conceitualmente o significado de uma operação que pressupõe o desmembramento de unidades em partes necessariamente iguais. O ato de dividir, no dia a dia, pode se dar sem que as partes sejam iguais, ou seja, podemos dividir uma quantidade, na perspectiva cotidiana em partes diferentes. Esse é apenas um exemplo do distanciamento que pode ocorrer entre as duas linguagens, mas o ensino de Matemática, como de qualquer outra disciplina, tem por base a comunicação na língua materna, exigindo do docente o estabelecimento da relação com a linguagem específica (AZERÊDO; RÊGO, 2016, p.159).

 

Estas autoras indicam que, na busca da resolução dessa dicotomia, surge no contexto escolar o “matematiquês”, uma “língua auxiliar”, que se constitui como “um aparato linguístico de frases feitas e de adaptações que, ao invés de contribuir para a compreensão da linguagem Matemática, em muitos casos gera perda de sentido para os estudantes” (AZERÊDO; RÊGO, 2016, p. 160).

Considerando este ponto crucial, faz-se necessário compreender que ensinar a ler e escrever não é tarefa apenas do professor de Língua Portuguesa (NEVES et al., 2011; NACARATO; LOPES, 2009; MORAIS; ARAÚJO; CARVALHO, 2017) e que, atentos às especificidades da sua disciplina, professores de Matemática precisam abrir espaços em suas aulas e pesquisas para atividades que propiciem o ler e escrever sobre Matemática (GONTIJO et al., 2019).

A literatura não é avessa à Matemática, nem a ignora. Ao constar-se que há zonas de diálogo entre a Matemática e algumas obras literárias, aprofundar os estudos nesta temática pode contribuir para que se pense e se criem estratégias outras de pesquisa e ensino que não reproduzam a compartimentalização dos saberes. Nesta direção, pensar uma Educação Matemática intermediada pela literatura é considerar, nos processos de pesquisa, ensino e aprendizagem, além dos conteúdos, a abertura de espaços para a promoção da sensibilidade e da afetividade, pois a narrativa acessa outras dimensões constitutivas do ser, todas elas importantes. Almeida (2006, p. 12) alerta que “privilegiando o cálculo, a objetividade e a lógica e recusando tudo o que é entendido como ilusório, fantasioso e irreal, o ensino formal opera uma redução em relação às potencialidades cognitivas do sujeito humano”, o que não seria desejado. Baumam (2020) também dá razões para se atentar, sempre que possível, a um ensino intermediado por obras literárias. Num capítulo com o provocativo nome A Salvação pela Literatura, o sociólogo polonês tece comentários acerca das aptidões necessárias à formação dos alunos na sociedade pós-moderna, as quais podem ser fomentadas por narrativas:

sensibilidade (olhos e ouvidos bem abertos para as visões e sons do mundo, para aquilo que ele pode oferecer, para os outros que nele habitam, para aquilo que eles podem oferecer e para que eles necessitam a fim de serem capazes de cumprir suas promessas); imaginação e pensamento (acima de tudo, a habilidade de desdobrar a ambos, discernir entre opções e escolher entre elas, bem como juntar determinação bastante para se ater a essas escolhas e mantê-las, agir sobre elas e persistir até completá-las); emoções (capacidade de amar e de se preocupar com o outro, ao mesmo tempo que se ressente e luta contra os males da indiferença, a conspurcação, o malefício, a degradação, a negação da dignidade e a humilhação); razão prática (aptidão para visualizar um modelo de qualidade de vida, assim como reunir determinação para se dedicar à sua realização); sociabilidade e as habilidades e a vontade de associação (o know-how necessário para compartilhar a vida com outros e para viver a sua própria vida tendo o bem-estar dos demais em mente – o desejo e a vontade de compreender as necessidades, os valores e as atitudes uns dos outros, e disposição para negociar um modus vivendi mutuamente satisfatório, assim como para aceitar as autolimitações e os autossacrifícios que esse modus pode demandar) (BAUMAN, 2020, p. 38-39).

 

Todas estas questões – e talvez outras – são do campo da subjetividade, contudo não podem ser ignoradas no processo de ensino e aprendizagem e são válidos os esforços para aproximá-las das pesquisas acadêmicas e atividades de ensino. Há de se considerar, outrossim, que a narrativa, por mais real que pareça, é fantasia e, como tal, diminui o peso da realidade – o não quer dizer, obviamente, que por a narrativa ser algo inventado, a matemática pode ser considerada uma invencionice – e, portanto, integrar a literatura às aulas de matemática pode colaborar para que seja minimizado o sentimento de matofobia (ALBARELLO, 2014; FELICETTI, 2007), que é o medo que alguns alunos têm da disciplina de Matemática, o que dificulta que se expressem em aula e lhes causa baixa estima.

Considerando este amplo cenário, a REVEMOP propõe a Seção Temática Matemática e Literatura: diferentes tempos, diferentes escritas, diferentes usos, visando compor uma fonte de pesquisa robusta para os pesquisadores interessados em pensar as inter-relações entre estes dois campos de saberes. Algumas perguntas balizadoras para esta proposta são:

  • Que diferentes usos da literatura podem ser feitos no campo da Educação Matemática e no ensino desta disciplina?
  • Que metodologias têm sido utilizadas em pesquisas que consideram a literatura como fonte histórica para a pesquisa em Educação Matemática?
  • Como a literatura tem chegado às aulas de Matemática?
  • Como se pensar a literatura em relação com a Matemática nos cursos de formação de professores?
  • Como são as presenças da Matemática em obras outras (Filosofia, História da Ciência ), ao longo dos séculos?

Podem ser propostos artigos contendo resultados de pesquisas, bem como reflexões com contribuições teóricas para as investigações na área, em qualquer nível de ensino. Serão aceitos artigos inéditos, redigidos em português, inglês ou espanhol.

REFERÊNCIAS:

ALMEIDA, M. da C. de. Prefácio - Um alpendre lilás para a Educação. In: FARIAS, C. A. Alfabetos da alma: histórias da tradição na escola. Porto Alegre: Sulina, 2006.

AZERÊDO, M. A. de; RÊGO, R. G. do. Linguagem e Matemática: a importância dos diferentes registros semióticos. Revista Temas em Educação, João Pessoa, v. 25, Número Especial, p.157-172, 2016.

BAUMAN, Z; MAZZEO, R. O elogio da Literatura. Rio de Janeiro: Zahar, 2020.

GONTIJO, C. H. et al. Criatividade em matemática: conceitos, metodologia e avaliação. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2019.

MONTOITO, R. Chá com Lewis Carroll: a matemática por trás da literatura. Jundiaí: Paco Editorial, 2011.

MORAIS, J. de F. dos S.; ARAÚJO, M. da S.; CARVALHO, J. R. (Orgs). Leitura e escrita na escola e na formação docente: experiências, políticas e práticas. Curitiba: Editora CRV, 2017.

NACARATO, A. M; LOPES, C. E. (Org.). Educação Matemática, leitura e escrita: armadilhas, utopias e realidade. Campinas: Mercado das Letras, 2009b.

NEVES, I. C. B et al. Ler e escrever: compromisso de todas as áreas. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2011.

WEISSHEIMER, R. F. Literatura infantil e o ensino de geometria nos anos iniciais: as aventuras (topológicas) do avião vermelho. 2020. Dissertação (Programa de Pós-graduação em Educação) – Mestrado Profissional em Educação e Tecnologia, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-rio-grandense, Pelotas, 2019.

 

CRONOGRAMA: 

  • Abertura das submissões: 01 de fevereiro de
  • Encerramento das submissões: 16 de maio de
  • Período de avaliação: de fevereiro a julho de 2024 (todos os artigos passarão pela avaliação de, pelo menos, dois pareceristas)
  • Previsão de publicação: agosto de 2024

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